Meu pobre país de sol, é nesta altura que mostras a tua fragilidade. A tua serenidade, o teu “deixa andar”, a tua moleza. É possível que tenhas (ou tivestes) um povo forte, que tudo aguenta, como os pobres e os animais abandonados. Mas, sinceramente, estás fragilizado. Estás a deixar-te levar, por uma “cambada” de gente sem escrúpulos, sem sentimentos, que olham para ti, sem sequer perguntar, como é que estão os teus “velhinhos”, as tuas crianças deficientes, os teus pobres sem-abrigo, como está a tua Educação, a tua Justiça e Saúde. Pois é! Vives melancólico. De ombros caídos, encolhido, amedrontado, a fugir às multas, à insegurança, e a preparar a mala de cartão para a emigrares, porque não tens emprego.
Que país é este? O que te estão a fazer, meu país de sol? Que é feito do teu calor humano e da tua luz? Mas será, que só pretendem os teus lucros financeiros? Que só vislumbram, apenas e só, as tuas dívidas à Troika e à CEE.? Mas…não vês, que a modernidade superficial não substitui a pobreza estrutural e que só a agrava? Aumentam-te, quase diariamente, os combustíveis e os nossos impostos; “cortam-te” os subsídios de férias e de Natal; a Saúde está doente e a caminhar para a privada, tendo acesso a ela, a muito breve trecho, apenas os ricos. A Justiça, embora empenhada na resolução dos casos que lhe são submetidos, revela-se impotente pela falta de meios colocados ao seu dispor; a Educação e os seus Professores, a ser mal dirigida e a serem espezinhados, respectivamente, e por fim, esta “pilhagem” desavergonhada, repelente, cometida aos olhos de todos e processada pelas dezenas de portagens “Scuts”, com conhecimento e autorização dos governantes, deste país mal amado.
Se considerarmos que a maioria das auto-estradas dos países europeus não têm portagens, acho absurdo essas cobranças, pelas seguintes razões: as estradas seguras são um “Bem Público”, porque quanto mais seguras, menos acidentes se registam (mortes, feridos, deficientes). Consequentemente, cumpre ao Estado providenciar este bem essencial de segurança. Por outro lado, as estradas e auto-estradas, não existem para dar lucro, existem para prestar serviço à população; para facilitar a Mobilidade de pessoas e bens e para desenvolver o Turismo. Portanto, não deve caber à iniciativa privada a sua exploração. Os impostos sobre os automóveis, os impostos sobre os combustíveis (mais caros do mundo), servem para pagar a construção e manutenção desses bens públicos seguros. Assim manda a boa gestão dos dinheiros provenientes dos nossos impostos.
Por essa razão, é inadmissível, que haja parcerias públicas privadas, em que os privados têm lucros provenientes de um “Bem Público” e o Estado arca com os prejuízos.
Mas…que descarada roubalheira, às nossas carteiras!
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